Com 50% de incremento previsto em investimento nessa tecnologia no País, o cenário é visto como “animador”, segundo Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de software da IDC Brasil.
Em conferência com a imprensa para apresentar a prévia do mercado de TIC para este ano, o executivo explicou que os investimentos no setor são discretos e, se somar toda a América Latina, a quantia está em algumas centenas milhões de dólares. O executivo não quis explicitar quanto especificamente.
Na sua visão, Ramos acredita que o baixo investimento em IA e computação cognitiva deve-se ao fato de que muitas empresas não sabem como usar a tecnologia: “O entendimento de como aplicar inteligência artificial nas empresas ainda é limitado. Mas isto é natural. É o momento da curva de exploração. O desafio para elas agora é fazer o negócio acontecer e ter um modelo que seja capaz de ser replicado”.
Entre as verticais que mais devem crescer em cognição e IA em 2018 estão saúde e segurança. Ramos destaca soluções como sistema de diagnóstico e tratamento, além de análise de fraudes e investigação. Questionado se haverá uma consolidação neste setor, o gerente acredita que o segmento deve ficar mais alguns anos pulverizado, com Google, Microsoft e Amazon encabeçando as inovações.
SD-WAN nas operadoras
Outro segmento que começa a ter mudanças é o de telecomunicações. Para o gerente de pesquisa e consultoria em TIC da IDC, André Loureiro, o desenvolvimento de estudos de caso de empresas com o Software-Defined Wide Area Networking (SD-WAN) – solução que expande e administra uma rede corporativa – começa a mudar o paradigma das operadoras. Segundo eles, se antes as teles tinham como fonte de renda o MPLS, tecnologia que antecede o SD-WAN, agora elas começam a aceitar seu fim. “Durante 2017 nós tivemos muitas empresas fazendo PoCs (prova de conceito, na sigla em inglês) com a tecnologia. Agora vamos ver o mercado de SD-WAN mais que dobrar com a concretização de projetos”, afirma Loureiro. “Por outro lado, as operadoras têm grupos trabalhando com SD-WAN, pois elas começaram a ver impacto na receita do Multi-Protocol Label Switching durante 2017. Com isso, as teles começaram a se estruturar ao reduzir o preço do MPLS, mas estudando oferecer outros serviços junto com SD-WAN”.
ISPs
Quem também deve influenciar mudanças na área de telecomunicações são os provedores regionais. Loureiro explicou que os ISPs devem “entrar firme” no mercado B2B, uma vez que os serviços das tradicionais empresas de telecomunicações devem ter retração de 0,1% nos investimentos. Como parte de suas estratégias, os ISPs devem buscar parcerias com MVNOS e TVs por assinatura para oferecer serviços às pequenas empresas locais. Além disso, Loureiro acredita que haverá muitas fusões e aquisições entre os provedores pequenos, de forma a melhorar seu Capex.
Handsets corporativos
Segmento ainda pouco explorado no Brasil, a comercialização de smartphones e tablets para as corporações deve começar a ter seu avanço em 2018. O gerente de pesquisas e consultoria em consumer devices da IDC, Reinaldo Sakis, estima que mercado corporativo chegue a 6% do volume total de dispositivos no Brasil, aproximadamente 3,5 milhões de dispositivos. Em sua visão, a crise deu mais espaço a essa área entre os fabricantes de celulares. “Com a crise econômica, os mercados e a lucratividade diminuíram. Dessa forma, nós começamos a ver em 2017 grandes estruturas de B2B serem montadas nas fabricantes de smartphones. Foram contratados diretores e gerentes para B2B, algo bem diferente dos anos anteriores quando era um diretor para tudo”, explicou Sakis. “Esses 3,5 milhões de smartphones e tablets no mercado corporativo podem até parecer pouco, quando comparados com os 50 milhões do restante do mercado, mas esses 6% representam US$ 1 bilhão de um faturamento que não existia ou era incipiente”.
Por: Henrique Medeiros